Autor do trabalho: Marcele da Silva Moreira
Título da dissertação: Música na pele: tramas sonoras nas vivências de músicos negros em Salvador na primeira metade do século XIX
Data: 31.07.2025
Resumo
Diversos viajantes que passaram pela Bahia deixaram suas impressões acerca da musicalidade marcada pela presença de músicos negros. Influenciado por esta percepção, Robert Southey (1808) chegou a dizer que os negros, “doidos por música”, viviam a tocar em procissões, em praças e em locais públicos. Mas, se de um lado a presença negra na música não era incomum, por outro, os sons produzidos pelos instrumentos percutidos por essas mãos, causava, via de regra, estranheza aos ouvidos estrangeiros. As sonoridades que atravessavam a cotidianidade das ruas da cidade de Salvador, comumente eram classificadas como barulhentas e ensurdecedoras. Por outro prisma, para além dos relatos de viajantes, outro corpus documental como jornais, relatórios, balancetes, manuscritos, recibos, etc., indicam uma proeminente atuação de músicos negros no exercício do ofício da música escrita, alcançando outros espaços como igrejas, teatros, bailes, regimentos militares. Diante desse panorama sonoro-laboral permeado pela presença de músicos negros profissionais, objetiva-se analisar os atravessamentos na estrutura sócio-racial pela trama musical urdida na cidade do Salvador, na primeira metade do século XIX, com vistas em compreender de que modo a música foi acionada por esses homens em um contexto de subsistência, distinção, ascensão e mobilidade social.