SOCIEDADE, RELAÇÕES DE PODER E REGIÃO
A linha de pesquisa apoia-se num quadro de pesquisas de historiadores(as) do campo do poder, das relações de poder e da política, e suas (des)conexões com diferentes marcadores sociais e perspectivas teórico-metodológicas e epistemológicas. Ela combina as análises de fenômenos históricos e historiográficos em múltiplas dimensões espaço-temporais, sem deixar de valorizar a articulação dos processos históricos locais e regionais com os nacionais e globais. Isso significa que os pesos, tamanhos, conteúdos, contornos e configurações desses aspectos são permanentemente debatidos e aplicados em objetos específicos, trabalhos acadêmicos, atividades de ensino e extensão universitárias. Como conceito agregador, o poder é discutido não somente como instrumento de ação e repressão, de coação, uma propriedade permanente, um atributo cristalizado, puro cálculo e interesse consciente, mas também como um dispositivo ou estratégia de recriação de diferenças, hierarquias e desigualdades sociais produzidas por meio das experiências e discursos.
Os historiadores e historiadoras da linha dedicam-se a problematizar as relações de poder e as formas como são criadas, mantidas, legitimadas e institucionalizadas, sem deixar de pensá-las como configurações sociais alteradas, reconduzidas e resistidas, constituindo redes móveis no devir histórico. As temporalidades são diversas, abarcando desde especialistas em História Política no Medievo e no Brasil Colonial, passando pelo Império e Repúblicas, até chegar ao período das Ditaduras Contemporâneas e à História do Tempo Presente. As temáticas são variadas e relacionadas à história intelectual e dos conceitos, à história política combinada com a história sociocultural, à história político-administrativa, à história social das mulheres, aos estudos de gênero, à história das sexualidades, à história oral e da memória, à história das religiões e à história do indigenismo, entre outras áreas, domínios e dimensões. Definir onde, como e por que o poder, a política e as relações de poder estão presentes na dinâmica social é uma das tarefas da História produzida pela linha de pesquisa Sociedade, Relações de Poder e Região, do PPGH-UFBA.
Professores participantes
Ana Paula Medicci | Antonio Mauricio Brito | Carlos Zacarias de Sena Junior | Edilece Souza Couto | Lina Maria Brandão de Aras | Lucileide Costa Cardoso | Marcelo Pereira Lima | Maria Hilda Baqueiro Paraíso | Patrícia Valim | Rodrigo Perez Oliveira
ESCRAVIDÃO E INVENÇÃO DA LIBERDADE
A linha de pesquisa Escravidão e Invenção da liberdade reúne professores e estudantes do Programa de Pós-Graduação em História da UFBA que investigam populações africanas e afrodescendentes na sociedade brasileira, sob a escravidão e no pós-abolição, e também enfocam o estudo de populações indígenas ao longo da história do Brasil. Os marcos temporais são, portanto, amplos, se encaixando no conceito de longa duração. Ou seja, a linha não estabelece marcos temporais rígidos como guia das pesquisas de seus alunos e docentes. O mesmo se aplica à dimensão espacial das pesquisas, que abrangem o continente africano e suas diásporas no Brasil e outros espaços nas Américas e outros continentes que receberam africanos escravizados no período do tráfico e da escravidão, bem como imigrantes livres durante o período escravista e no pós-abolição. Do mesmo modo, todas as temporalidades e os espaços no Brasil e nas Américas interessam às investigações desenvolvidas no âmbito da linha.
Quanto às temáticas investigadas, não há interditos, valendo qualquer questão que diga respeito aos grupos humanos acima definidos, desde que a abordagem seja orientada numa perspectiva da disciplina História, indissociável às noções de tempo e espaço. Do ponto de vista metodológico, isto não significa uma espécie de isolamento disciplinar. Pelo contrário, o contínuo diálogo interdisciplinar, com a Antropologia, Sociologia, Economia, Geografia, Linguística, Crítica Literária, Estudos Decoloniais, entre outras mostra-se indispensável a definições teóricas e metodológicas de temas de estudo. Mas do ponto de vista conceitual, as pesquisas têm como conceitos articuladores aqueles vinculados às diversas teorias que tratam dos mecanismos de dominação social e racial, políticas de controle individual e coletivo, tendo em conta tanto o poder no nível das relações raciais, de gênero, de classe – portanto teorias sobre interseccionalidade –, como, por outro lado, a constituição de negros e indígenas enquanto sujeitos históricos, a construção de identidades, suas redes de sociabilidade e institucionais, projetos políticos, dinâmica cultural, visão de mundo, trajetórias de vida, estratégias de sobrevivência, negociação e resistência.
Professores participantes
Antônio Luigi Negro | Alex Andrade Costa | Fábio Baqueiro Figueiredo | Gabriela dos Reis Sampaio | Iacy Maia Mata | João José Reis | Luis Nicolau Parés | Maria de Fátima Novaes Pires | Maria Hilda Baqueiro Paraíso | Robert Wayne Andrew Slenes | Valdemir Donizete Zamparoni | Wlamyra Ribeiro de Albuquerque
CULTURA E SOCIEDADE
A Linha de Pesquisa Cultura e Sociedade é caracterizada pela diversidade e conexões de propostas investigativas e horizontes teórico-metodológicos característicos da História Cultural e da História Social. Como objeto do conhecimento historiográfico, entende-se a cultura como o tecido compartilhado – ou disputado – de ideias, memórias, representações, códigos, imaginários e sentimentos cuja análise permite dar visibilidade aos sujeitos históricos e lançar luz sobre suas inter-relações e práticas sociais. A cultura, em suas mais diversas expressões, produzida a partir das múltiplas percepções e vivências da realidade social por sujeitos e grupos, organizados ou não, seja em nível micro ou macro, é, portanto, atravessada pelas relações de poder entre grupos sociais. Dinâmica que manifesta as clivagens e desequilíbrios que movem os confrontos e os embates inerentes às formas de organização social e suas representações.
A pesquisa desse universo convida a abordagens interdisciplinares, aproximando a história à antropologia, à sociologia, ao tempo presente, ou às humanidades digitais, em diálogo que propicie as ferramentas necessárias ao estudo das mais variadas temáticas que compõem campo da cultura, tais como: as festas, os mundos do trabalho, a religião e a fé, a cultura escrita e literária, a arte, a cultura material, os jogos de poder e as relações de gênero, raça e classe. A partir destas possibilidades, a Linha Cultura e Sociedade congrega projetos em três eixos, abrangendo a História Moderna e Contemporânea em variados recortes espaciais. São eles: Modernidades; História Social do Trabalho e da Cultura; Contemporaneidade e Tempo Presente. Entre o local e o global, os domínios sobre os quais se debruçam os pesquisadores e pesquisadoras da linha compreendem: a história religiosa e os impérios modernos, a história intelectual, a história das mulheres e das relações de gênero, a história do trabalho, as festas, as esquerdas e movimentos sociais, os direitos humanos, entre outros. Pelo fato da História do Brasil não poder ser suficientemente entendida apenas dentro dos marcos territoriais (históricos, por sinal) do Estado nacional, as pesquisas desenvolvidas no âmbito da linha não se prendem à Bahia ou ao Brasil. Na medida do possível, fazemos ciência sem fronteiras, sempre pensando em como os espaços são construídos e enredados.
Professores participantes
Ana Carolina Barbosa Pereira | Ana Paula Medicci | Antônio Luigi Negro | Bruno Guilherme Feitler | Edilece Souza Couto | Evergton Sales Souza | Felipe Azevedo e Souza | Gabriela Reis Sampaio | Iraneidson Santos Costa | Juliana Torres Rodrigues Pereira | Lígia Bellini | Magali Gouvêa Engel | Marina Regis Cavicchioli | Milton Araújo Moura | Moreno Laborda Pacheco | Vinícius Donizete de Rezende