Autora do trabalho: Lorena de Araújo Costa
Título da dissertação: “Os pecados dos ministros são manchas no rosto que sempre aparecem”: magia e corrupção nos bastidores do Santo Ofício português (1616-1618)
Data: 25.08.2025
Horário: 16h
Resumo
Esta pesquisa tem como principal objetivo investigar um possível caso de corrupção dentro do Tribunal inquisitorial de Lisboa e a participação de clérigos em práticas de feitiçaria que foram alvo de investigação pelo Santo Ofício português. Embora, à primeira vista, essas duas temáticas possam parecer distintas, a análise conjunta se mostra essencial para a compreensão do caso estudado. A investigação se debruça sobre as conexões entre inquisidores, religiosos e figuras envolvidas em rituais mágicos, explorando como relações de poder e interesses financeiros podem ter influenciado possíveis desvios de conduta dentro da própria estrutura inquisitorial. Ao examinar esse contexto, o estudo busca demonstrar as ambiguidades e contradições dentro da própria instituição. Metodologicamente a pesquisa é um estudo de caso, partindo dos pressupostos das especificidades da micro-história e do método denominado como paradigma indiciário, ambos propostos por Carlo Ginzburg. Esta forma minuciosa de análise envolve a leitura de documentos para além do que está exposto nas páginas sendo necessário que a investigação ultrapasse o explícito, rastreando as pistas escondidas nas documentações, dando ênfase ao inesperado, ao incomum e buscando identificar o que as informações transmitidas nas entrelinhas podem nos dizer. O corpus documental utilizado baseia-se essencialmente em 5 processos inquisitoriais de réus condenados pelo Tribunal de Lisboa, além desses registros, também foram analisadas investigações anteriores que examinaram atos de transgressão cometidos pelos mesmos ministros mencionados no estudo, ampliando a compreensão sobre suas condutas. A pesquisa se desenvolve como um verdadeiro quebra-cabeça, que busca por indícios e conexões entre os eventos registrados, contribuindo para a compreensão das complexas interações entre fé, poder e transgressão dentro do Santo Ofício português.